Este Blog terá agora (também) uma rubrica televisiva no Programa de Ana e Nuno Markl no Canal Q.
A estreia é hoje, Segunda - 29 Março pelas 22.30.
João Manuel Serra tem então, ao fim de 78 anos, o seu primeiro compromisso remunerado, sem que com isso deixe de trazer alegria à cidade com os seus simpáticos acenos.
Saiba tudo sobre os filmes da semana! Spoilers incluídos!
FILME: O IMAGINÁRIO DE DOUTOR PARNASSUS
REALIZADOR: TERRY GILLIAM
Eu acho que não tenho capacidade para estar a comentar um filme que sei que foi muito bem recebido na América e não só, que teve tantas críticas fantásticas e espectadores que adoraram.
Eu confesso que não sou da mesma opinião, tenho vergonha de falar de forma mais pejorativa por um filme que será tão laureado. Bem, pode ganhar um Oscar de Imaginação… Mas também o Oscar do Grotesco. Se houvesse esses Oscares este podia receber ambos.
Para mim também teve pontos positivos: A realização, a interpretação… Os cenários só gostei de alguns. Depois do Avatar é difícil que um cenário pareça bonito me termos de efeitos visuais. (risos) Mas nem foi por aí que não gostei tanto. Não gostei muito da história, na minha opinião, acho que o Dr. Parnassus representa a Humanidade (com os seus defeitos e tentações). O diabo, se existisse (eu não acredito) aproveitaria estas tentações.
É uma história com muita imaginação, mas não é o meu género. Toca as raias do inverosímil. É grotesco. Eu sou um esteta - amo a beleza. Quando há um lado feio da vida, posso ficar chocado e não gosto e não consigo ser muito positivo com este filme. Especialmente, porque não posso classificar as diferentes vertentes do filme, sou obrigado a dar uma classificação geral. Houve coisas que eu adorei no filme, mas não gostei da história. É muito difícil classificar. Talvez daqui a 2 ou 3 dias eu pudesse ter uma ideia mais concreta. A seguir ao filme é uma experiência um pouco brutal. No entanto, dou … 3 estrelas.
João Manuel Serra - 3 Estrelas
Filipe Melo - É um génio, o Terry Gilliam, e está em topo de forma. Lindo filme!
Tiago Carvalho - Ficou sem gasolina, não pode vir.
FILME: Visto do Céu
REALIZAÇÃO: Peter Jackson
Achei o filme muito bem feito. Não sou daquele género de pessoas que vai só ao cinema para passar um bocado e divertir-se. Eu vivo o filme que vejo.
Este filme é sobre um tema que infelizmente existe. Acho que antigamente não havia tantos crimes como este, tão bárbaros. Matarem crianças... se havia, não se sabia. Com a divulgação da televisão e da rádio e também do cinema, as pessoas estão mais a par do que se passa no mundo. As pessoas agora sabem de todos os crimes e coisas más que existem pelo mundo fora. O noticiários são um horror.
Há uma coisa que me choca imenso, e que nem percebo, como o cérebro humano é tão estranho. Como é que há pessoas, como o deste filme, que matam tantas crianças. Eu não consigo admitir isso. Não sei nem percebo porquê. O cérebro humano é uma coisa para desvendar. Já ouvi dizer que só 20% do cérebro humano está a funcionar. Acho que por um lado também é bom, porque quando estiver a funcionar a 100% deve ser uma coisa... ou então vão ser naves, descobrir outros mundos, ou um progresso fantástico.
Para mim, que nasci em 1930 e que sou de um tempo em que não havia frigorífico, (lembro-me que na casa da minha avó e dos meus pais a cozinheira tinha de fazer comida todos os dias ou que só havia rádio às segundas e quintas) este já é um mundo completamente diferente daquele em que vivemos agora. Parece que estou noutro mundo!!! O progresso faz-me um espanto enorme. Tudo isto a propósito de agora se conhecerem os crimes todos que acontecem pelo mundo fora. Ainda no outro dia ouvi no rádio, que uma mãe asfixiou as seis crianças que teve ... Isto é uma coisa louca. Fico doido quando penso nestes crimes e o que vai na alma humana, ou no que o cérebro humano pode fazer para o bom e para o mal.
Quanto ao filme e quanto aos assassínios que existem na verdade, chocou-me e incomodou-me muito, e fiquei realmente mal disposto. Se não fosse para fazer a rubrica acho que tinha abandonado a sala. acho que isto é talvez um elogio ao filme, por estar tão bem feito. A realização estava fantástica, aliás nestes tempos é raro que um filme normal não esteja bem realizado.
Uma coisa a propósito deste filme que queria comentar, e que antigamente, quando os filmes eram a preto e branco, para se distinguirem bem as legendas, elas tinha um rectângulo com um fundo preto. Eu por acaso ainda me lembro do inglês, mas há pessoas que não sabem, e no caso deste filme havia legendas que passavam no branco.
Falaram do Laurence Olivier, que eu por acaso vi em Londres no teatro, e chamaram-lhe Lourenço Olivers... Há sempre muitas gafes..
Voltando de novo ao filme, sob o ponto de vista de suspense é formidável. As perseguições do tarado e a fuga da miúda são realmente emocionantes. Sobre o tema das pessoas morrerem e de haver outro mundo, eu confesso que sou religioso e acredito que depois desta balbúrdia toda na terra, há um outro mundo melhor, em que não há matéria, mas há espírito. Mas isto é uma coisa que ninguém sabe, nem eu nem ninguém. Ou seja, tudo o que se passa no filme é pura especulação. Como é pura especulação, às vezes está bem conseguido, mas a maior parte das vezes não gostei. Achei um bocadinho fantasioso de mais. Aquele mundo onde a miúda estava era um bocadinho especulativo de mais. Acho que não será assim.
João Manuel Serra - 4 estrelas de 0 a 5
Filipe Melo - Ok. Tem coisas boas, e é feito pelo GRANDE Peter Jackson: mas tem momentos de azeiteirada de que eu não gostei muito...
Tiago Carvalho - 2 estrelas de 0 a 3
FILME: The Hurt Locker
REALIZAÇÃO: Kathryn Bigelow
Gostei bastante do filme, está francamente bem realizado.
Acho que há cenas do filme que não foram filmadas ao vivo. Captaram muitas cenas reais, seguramente, mas algumas dá para perceber que não foram reais!
Eu sei que não é uma história verdadeira: é, porém, um documentário formidável sobre aquela guerra, e é imparcial. Não tem a ver com o conflito, não é nem a favor nem contra a guerra. Tem a ver com aquele homem.
O filme mostra o teatro de guerra, aquela miséria toda, aquele horror, mas sem acrescentar alguma coisa que nos faça deduzir que há uma politiquice atrás do filme. Existe aquele homem mórbido, que deixa a sua terra e paz, o filho e a mulher, para ir para aquele perigo continuo, de poder morrer naquelas operações de salvamento de pessoas a desactivar bombas.
Não estou muito a par disso, mas há bastantes soldados com essa tarefa ingrata.
Acho que o filme mereceu o Oscar. Por exemplo, o Avatar também gostei mas muito mais devido aos efeitos especiais. Quer dizer, se houve rivalidade dos dois filmes para ganhar o Oscar, eu diria que, por mim, eu daria o Oscar a este.
Nunca tinha ouvido falar desta realizadora, e ouvi dizer que ela recebeu o Oscar no ano dedicado à mulher. Foi a primeira mulher a ganhar o Oscar, e achei isso excelente!
Não me prolongarei sobre a guerra no Iraque. Sobre o filme, tenho a dizer que é MUITO BOM!
João Manuel Serra - 5 estrelas
Filipe Melo - Bela fita.
Tiago Carvalho - 2 estrelas de 0 a 3
FILME: Precious
REALIZADOR: Lee Daniels
Achei o filme um pesadelo. Eu penso que o que as pessoas fazem, assim como eu, é tentar viver a vida da melhor maneira possível, da maneira mais bonita... Fica-se com imensa pena que uma rapariga como aquela, que existe e deve estar contente por ter feito o filme, apesar da sua fealdade, é conhecida e é vista por muita gente.
Eu, como sou um esteta e procuro a beleza em tudo o que se possa encontrar, ou nas pessoas, ou na natureza.. Em tudo procuro a beleza.
Chocou-me muito. Não me lembro de ver uma rapariga tão feia de corpo, de cara, de tudo. Era monstrozinho autêntico. Foram buscar aquele tema entre mãe e filha e aquela desgraça toda com o pai, o incesto, tudo! Foram buscar umas coisas muito feias.
A conclusão a que chego é que é um filme sem uma tese anti-racista, como pensava que era. É um drama episódico de uma mulher que era ultra feia. O conjunto todo é muito feio, a mãe não gostar dela, a desgraça que era aquela casa... O filme é um dramalhão chato. Não tiro ensinamento nenhum do filme. Só me entristeceu por existir muita maldade. Há muita maldade no mundo, e acho que a única tese do filme é chocar as pessoas. O filme chateou-me.
JOÃO MANUEL SERRA - 1 estrela (0-5)
FILIPE MELO -
TIAGO CARVALHO - 2 estrelas (0-3)
FILME: Shutter Island
REALIZADOR: Martin Scorsese
Achei o filme bem feito. Ja estava à espera que fosse, por ser do Martin Scorsese.
Fiquei com algumas dúvidas. Este hospital psiquiátrico terá existido mesmo na América? Ou será ficção? Deve ser ficção... Nunca me constou que houvesse na américa uma coisa qualquer deste género como faziam os Nazis para mexer no cérebro das pessoas.
Não sei até que ponto haverá um local como este, porque estas coisas às vezes são tabu e não se sabem. O Homem é muito inteligente e preocupa-se com o cérebro, e há até já experiências muito boas, como remédios e outras coisas que prolongam a vida. Eu até acredito que estas coisas existam. É pena é haver sempre o lado negativo... o Homem tem má indole e usa estas coisas nas guerras. Os Nazis sei, porque se falou, sou daquela época e lembro-me que se falava e vinha nas actualidades da altura que fizzeram atrocidades e experiências. Nunca cheguei a perceber porque é que o Hitler, que podia ter feito da Alemanha uma potência fantástica, resolveu invadir os outros países.
A primeira de muitas vezes que fui à Alemanha, por volta de 1960, ainda havia o muro de Berlim e até diziam o o Hitler se tinha matado ali com a amante Eva Braun. Foi uma viagem à Escandinávia, em que fomos também à Polónia, à Alemanha soviética e à Russia (que naquela altura ainda estava sobre o controlo dos comunistas). Já tenho visto este mundo muito diferente do que é agora... Tudo isto agora é história, mas eu vivi aqueles momentos também, por sinal nada agradáveis. Por exemplo na Russia andava toda a gente com um ar muito pesado e com um vida muito arrastada. Mas houve coisas que gostei de ver, como a Praça Vermelha, aquela basilica e São Peters Burgo, que naquela altura não se chamava assim (muitas coisas de teatro, ópera e bailado).
O Hitler que deixou a Alemanha de rastos que só há pouco tempo é que recuperou. Como são muito inteligentes conseguiram. Aquele ódio aos Judeus também nunca percebi.
Voltando ao filme, julgo que deve ser tudo ficção e que não deve ter havido nunca nenhuma coisa psiquiátrica desse género numa ilha. Se houver deve ser uma coisa muito escondida.
O filme está muito bem realizado, um pouco confuso, mas desconfiei do final. Tenho de ver o filme outra vez, porque depois de ter percebido algumas coisas, só no fim é que percbi quem era o maluco.
O filme está muito bem engendrado, com o Leonardo Di Caprio muito bem (fez-se um bom actor). Ainda que sinistro, morbido e em forma de pesadelo achei o filme muito bem feito. Gostei.
JOÃO MANUEL SERRA - 4 estrelas (0-5)
FILIPE MELO -
TIAGO CARVALHO - 2 estrelas (0-3)
Amigos do Adeus